Sensei Altino Morais (1954-2023)

Sensei Francisco Altino Morais

A notícia veio servida fria e chocante, na manhã de Sábado, dia 25 de Novembro. Tinha falecido o Mestre Altino Morais. Conheci o Mestre Altino Morais desde que recomecei a treinar Karate, no final dos anos 90 do século passado. Altino Morais é um histórico da Seigokan Portugal, um dos primeiros alunos do Mestre Katsumune Nagai, na Escola de Budo, em 1976, juntamente com Eduardo Pinheiro e José Santana. Transmontano, nascido a 7 de Novembro de 1954 em Agrochão, Bragança, inicia em 1969 a prática de boxe na Sociedade Alunos de Apolo, em Lisboa, seguindo-se a prática do futebol, nas camadas juvenis do Sport Lisboa e Olivais, sendo titular em todos os jogos. No final da época de 1973/74 contrai uma lesão na perna direita que o obriga a parar. Após o 25 de Abril de 1974, começa a proliferação dos filmes de Bruce Lee e em 1976 toma conhecimento da existência da Escola de Budo em Sapadores, só com mestres japoneses, logo se inscrevendo e praticando sempre, de aluno a mestre, seguindo a via (Do) natural, sempre na Seigokan, até ao seu falecimento.  

Com diploma de 4º Dan (2008)

Quando recomecei a treinar karate, no estilo Gojuryu Seigokan, o Mestre Altino era uma presença assídua nos estágios, campeonatos e exames de graduação. Carácter reservado e humilde, mas firme e recto, cedo estabelecemos amizade. Amizade essa, que seria beliscada em 2016, com o abandono da AKSP pelo mestre, por vários motivos, mas muito principalmente por influências negativas a que infelizmente deu ouvidos, pese embora a minha tentativa desesperada de o demover, mostrando-lhe que iria dar um passo em falso, de que se iria arrepender. Aí, zanguei-me verdadeiramente com ele. Precisamente por nos ter abandonado e virado as costas. Ele, que fora um dos fundadores da AKSP, com a sua oficialização e registo notarial em 1996, pese embora, na prática, existir já com essa designação desde os anos 80. E estou verdadeiramente convencido de que se teria arrependido de ter feito essa opção, apesar disso lhe valer a oportunidade de ter sido graduado em 5º Dan, uma graduação contudo não reconhecida no Hombu Dojo da Seigokan, no Japão.

Estava doente há pouco mais de um ano, quando lhe foi diagnosticado um cancro nos intestinos, que o tinha obrigado a parar de leccionar. 

No Campeonato Nacional (2009)

Essa triste notícia tinha-me sido dada pelo Sensei Carlos Pereira, um dos seus alunos, há cerca de um ou dois meses, quando fortuitamente o encontrei perto do meu local de trabalho. Estava ele a assegurar as aulas num dos dois dojos onde o mestre leccionava, precisamente o de Queluz. No outro, o dojo de Moscavide, quem assegurava as aulas era o Sensei José Corvo, um dos seus alunos mais antigos.

Sabíamos do estado de debilidade provocado pelos tratamentos, mas nunca pensámos que o desfecho seria este, tão breve e fulgurante.

À família, esposa Teresa e filha Érica, nesta hora de luto e dor, endereçamos as mais sentidas condolências.

Brevemente iremos prestar-lhe uma merecida homenagem, de saudade, e sem quaisquer ressentimentos ou reservas.

A Família Seigokan perdeu um dos seus grandes.

Até Sempre Mestre!

Descanse em Paz!
Osu...

Eduardo Lopes